The Guardian: uma saída da Grécia seria trágica para a Europa

Davey_cartoon_Parthenon-Eurozone_12-086À medida que se vão acentuando os sinais de que está eminente uma catástrofe de proporções inimagináveis, vão-se também repetindo as maiores enormidades na esfera pública portuguesa sobre a situação na Grécia. Deixemos de lado o Observador, onde se comenta o caso com o mesmo tipo de profundidade e sentido das proporções que acompanhou a chegada da Troika a Portugal. Da parte do governo, continua-se a assistir ao mesmo tipo de absurdo regozijo com o fracasso das negociações e a ridícula tentativa de manter uma pose de respeitabilidade que nunca ultrapassa a mais servil colagem às posições de quem manda na zona euro. O Presidente da República já deixou bem claro que não há qualquer tipo de hipótese de regressar ao planeta terra a tempo de terminar o seu mandato com um mínimo de dignidade. Mas até no Público, “jornal de referência”, se constata a mais desoladora colagem ao discurso austeritário, como nesta passagem do artigo de Sérgio Aníbal publicada ontem: “É preciso que a Grécia faça mais para se tornar mais competitiviva e, principalmente, não pode haver recuos em áreas como a legislação laboral.”

Uma pessoa poderia pensar estar a ficar completamente louca, se não encontrasse, aqui e ali, no espaço da opinião económica convencional, leituras um pouco mais sérias do que está em causa em tudo isto (nomeadamente como se chegou a este ponto e como é que daqui se pode sair). Vítor Bento e os economistas que escreveram isto não terão os méritos intelectuais de um Paulo Tunhas ou de um João Marques de Almeida,  mas ainda assim não deixaram de fazer um diagnóstico da crise da zona euro que vai um pouco além dos “gregos que fogem ao fisco” e dos “portugueses lamechas agarrados aos seus direitos adquiridos”. Ontem, na Quadratura do Círculo, Pacheco Pereira assinalava as várias oscilações do discurso hostil ao governo grego: começaram por ser uns ingénuos bem intencionados, depois já estavam a ceder a toda a linha no seu programa e desde o final de março que se fala sobretudo da sua “intransigência” e “irresponsabilidade”, quando não do seu “radicalismo”. Outra oscilação significativa é que onde se falou, durante três anos e contra todas as evidências, em “auxílio” ou “ajuda financeira” aos países sob intervenção da Troika, se passou a falar, com a maior das naturalidades e sem qualquer constrangimento, em “credores” e “obrigações”.

Enquanto assistimos, impotentes (?), ao desenrolar do que podem vir a ser os mais importantes acontecimentos históricos desde o fim da Guerra Fria, importa manter um mínimo de serenidade  e não deixar de procurar algum jornalismo rigoroso e análises sérias, lá onde elas ainda são publicadas, como é o caso do jornal britânico The Guardian, cujos editores tomaram uma posição sobre a crise na zona euro e as negociações com a Grécia que tem a vantagem de ser minimamente ponderada, ainda que as suas conclusões surjam no espaço público português como um asteróide vindo de Saturno (um pouco como as análises do FMI, aliás). Ei-la:

Greece

A visão do The Guardian relativamente à crise da zona euro: uma saída da Grécia seria trágica para a Europa

A Grécia poderá entrar brevemente num longo e escuro túnel com apenas uma pálida réstia de luz no seu fundo. Se não pagar ao FMI até ao fim do mês, poderá ver o financiamento dos seus bancos cortados, vendo-se o governo de Atenas obrigado a imprimir uma nova moeda. Fora do Euro, a Grécia poderá ver-se incapacitada de pagar a importação de produtos básicos, como combustível e medicamentos. Mas após algum tempo, a inflação começará a abater as dívidas e um dracma desvalorizado deverá atrair mais turistas: aí reside essa réstia de luz. A dificuldade, contudo, é que para atingir esse patamar de competitividade a Grécia teria que administrar bem a sua economia e aumentar a eficiência da sua indústria. Se não for capaz de o fazer, e a sua situação actual dificilmente inspirará confiança a esse nível, então o alívio da desvalorização dará rapidamente lugar ao pânico relativamente à inflação.

Pelo menos a Grécia percebe que se está a aproximar um momento decisivo. Os restantes europeus – que não passaram por um colapso económico comparável ou pelo resultante crescimento da taxa de suicídio – podem não compreender que estão à beira de um precipício. Há quem diga que, ao contrário do que acontecia em 2011, uma saída da Grécia poderia hoje ser gerida com sucesso. Há até sinais de que um ou dois dos países periféricos anteriormente designados como PIIGS começam a levantar voo. Os actuais credores da Grécia são essencialmente instituições públicas e, por isso – prosseguem as vozes complacentes – já não existem os mesmos riscos de contágio aos mercados privados. Estas sublinham também que o esquema de compra de dívida da Zona Euro, formalmente aprovado pelo Tribunal Europeu no Luxemburgo esta semana, está a postos para conter qualquer tipo de pânico que possa surgir.

Mas que não se faça confusão, se isso acontecer haverá pânico – acabámos de o ver na volatilidade dos preços da dívida espanhola esta semana – e não seria inteiramente irracional. Um cancelamento da dívida grega assumiria custos directos para outras tesourarias, tornando a próxima crise um pouco mais difícil de sustentar, mas o verdadeiro dano residiria nas conclusões que todo o mundo poderia retirar caso cinco anos de negociações e centenas de biliões de uma moeda tivessem sido gastos sem qualquer resultado. Aqueles que sempre avisaram que uma política monetária partilhada nunca poderia ser reconciliada com uma autoridade fiscal fragmentada veriam os seus argumentos confirmados. Os alicerces frágeis do edifício do Euro ver-se-iam expostos. Talvez não hoje, talvez não amanhã, mas muito em breve outra crise ou tropeção abalaria outro membro do Euro e os mercados interrogar-se-iam se também ele poderia ser posto fora. A partir do momento em que acontecer uma vez, será incomparavelmente mais caro convencer os investidores de que não pode acontecer novamente.

As dinâmicas de desintegração poderiam também desencadear a pestilência política a curto prazo. A Grécia responsabilizaria a Europa, e a Europa faria outro tanto relativamente à Grécia, por um desenlace que ambas tentaram evitar. Não existe qualquer mecanismo jurídico para um Estado da UE abandonar o Euro, razão pela qual uma perspectiva alarmista seria levada a considerar que a sua integração na UE também poderia estar em jogo. Ambos os lados estão já a adoptar uma retórica crispada, tornando o acordo necessário ainda mais difícil de atingir. A granada grega tem sido sucessivamente passada de mão em mão na esperança de que as condições necessárias para a desarmar viessem a chegar mais tarde. Tem-se verificado exactamente o contrário. O momento indicado para uma solução duradoura é este.

Para ládas palavras zangadas parece existir um mínimo de movimento. Os credores exigem agora um excedente orçamental ligeiramente mais magro, mas ainda há um longo caminho a percorrer. A austeridade que já impuseram conduziu a Grécia ao limiar da auto-destruição. As estimativas do Financial Times sugerem que, se a Grécia engolir a próxima colher de sopa do remédio do FMI, poderá enfraquecer as suas possibilidades de crescimento ao ponto de o ratio da sua dívida aumentar de 180% para 200% do PIB.

Evidentemente que existem coisas que a Grécia deveria fazer – cobrar impostos às suas elites mimadas e dissolver cartéis esclerosados. Tem que ceder nesse campo. Mas enfrentar alvos poderosos não é fácil para um Estado que está à beira da ruína. De forma a consegui-lo, tem que convencer a sociedade grega de que continuará a pagar salários e que a sua autoridade será respeitada. Essa é a pré-condição para as reformas necessárias. A bola está por isso do lado dos credores. E estes devem começar por aceitar explicitamente uma realidade desagradável, que já toda a gente entendeu mas parece incapaz de dizer em voz alta. Nomeadamente, que o conjunto das dívidas da Grécia não podem nem nunca poderão ser pagas.

4 pensamentos sobre “The Guardian: uma saída da Grécia seria trágica para a Europa

  1. De facto, o nível do debate em Portugal é inenarrável!

    Na verdade o melhor que o Governo Grego pode fazer é deixar de pagar a dívida. Em Portugal existe um discurso ignorante e totalmente mesquinho/cobarde sobre este assunto (e o governo Syriza em geral). Mas nos EUA, vários economistas e opinion makers main stream defendem isso mesmo. Abaixo deixo uma série de links para artigos publicados na imprensa norte-americana.

    No Finantial Times:
    http://www.ft.com/intl/cms/s/0/5e38f1be-1116-11e5-9bf8-00144feabdc0.html#axzz3d4oo0ZMy

    http://www.ft.com/intl/cms/s/4bdda8a0-9dad-11e1-9a9e-00144feabdc0,Authorised=false.html?_i_location=http%3A%2F%2Fwww.ft.com%2Fcms%2Fs%2F0%2F4bdda8a0-9dad-11e1-9a9e-00144feabdc0.html%3Fsiteedition%3Dintl&siteedition=intl&_i_referer=http%3A%2F%2Fwww.counterpunch.org%2F2015%2F06%2F15%2Fgermany-is-bluffing-on-greece%2F#axzz3clNCu12T

    Na Foreign Policy
    http://foreignpolicy.com/2015/06/15/the-greek-bailouts-are-incredibly-stupid-eurozone/

    https://foreignpolicy.com/2015/06/12/why-greece-should-reject-the-latest-offer-from-its-creditors-germany-eurozone-debt/

    Na Bloomberg
    http://www.bloombergview.com/articles/2015-06-16/europe-asks-the-impossible-of-greece

    No Project Syndicate
    http://www.project-syndicate.org/commentary/greece-endgame-eurozone-default-by-jeffrey-d-sachs-2015-06#fAeseyhkpVu3hYAq.99

    http://www.project-syndicate.org/commentary/sovereign-debt-restructuring-by-joseph-e-stiglitz-and-martin-guzman-2015-06

    Não é que concorde com tudo o que dizem, mas é só para se perceber quão ridículo é o discurso em Portugal sobre o papão da bancarrota. Como se isso fosse um Apocalipse de proporções bíblicas, quando na verdade é o início de uma solução! “Apocalipse” em lume brando é se a Grécia continuar a aceitar as imposições da UE/FMI!
    Relembro que a Grécia neste momento tem um saldo primário (descontando os pagamentos da dívida). Ou seja, se a Grécia deixar de pagar tem recursos suficientes para pagar as despesas. Além disso começa agora a época de verão que é sempre um “boost” para os cofres com as receitas vindas do turismo. Para despesas de investimento e alguma necessidade de curto prazo a Grécia pode também contar com a Rússia (por isso mesmo Tsipras está hoje na Rússia). De tudo o que li parece-me bastante claro que Atenas só não receberá uma linha de crédito da Rússia se não quiser…

    Acrescento também que este debate está inquinado com várias mistificações, uma delas que um default conduziria autenticamente à saída do euro. Isso pura e simplesmente não é verdade, não existe nenhum mecanismo desses. Mais, mesmo que o Banco Central Europeu corte o financiamento à banca Grega (o que não é automático nem terá de acontecer se a Grécia não pagar ao FMI, talvez sim se em julho não pagar ao BCE) a verdade é que a Grécia pode impor uma resolução bancária e tomar controlo do banco central grego e controlar a situação (aliás não percebo pq é que ainda n fizeram isso… é absolutamente elementar!). Mais, a Grécia pode manter um sistema de moeda dual (que acontece em vários sítios, inclusive na Europa) e a verdade é que não há nenhum mecanismo previsto para uma expulsão formal da Grécia do Euro. O que pelo menos dá tempo para preparar as coisas.

    Não há “almoços grátis” nem saídas fáceis para esta situação. Isso é evidente, mas quer o default, quer a saída do euro (que não são equivalentes), não são o apocalipse tenebroso que se agita aqui em Portugal. Sobretudo estando a Grécia como está actualmente! Sobre isso este artigo do Guardian é bem elucidativo:
    http://www.theguardian.com/world/2015/jun/18/reasons-why-greece-might-have-upper-hand-crunch-talks

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  2. […] Junho 19, 2015 Ricardo Noronha À medida que se vão acentuando os sinais de que está eminente uma catástrofe de proporções inimagináveis, vão-se também repetindo as maiores enormidades na esfera pública portuguesa sobre a situação na Grécia. Deixemos de lado o Observador, onde se comenta o caso com o mesmo tipo de profundidade e sentido das proporções que acompanhou a chegada da Troika a Portugal. Da parte do governo, continua-se a assistir ao mesmo tipo de absurdo regozijo com o fracasso das negociações e a ridícula tentativa de manter uma pose de respeitabilidade que nunca ultrapassa a mais servil colagem às posições de quem manda na zona euro. O Presidente da República já deixou bem claro que não há qualquer tipo de hipótese de regressar ao planeta terra a tempo de terminar o seu mandato com um mínimo de dignidade. Mas até no Público, “jornal de referência”, se constata a mais desoladora colagem ao discurso austeritário, como nesta passagem do artigo de Sérgio Aníbal publicada ontem: “É preciso que a Grécia faça mais para se tornar mais competitiviva e, principalmente, não pode haver recuos em áreas como a legislação laboral.” Uma pessoa poderia pensar estar a ficar completamente louca, se não encontrasse, aqui e ali, no espaço da opinião económica convencional, leituras um pouco mais sérias do que está em causa em tudo isto (nomeadamente como se chegou a este ponto e como é que daqui se pode sair). Vítor Bento e os economistas que escreveram istonão terão os méritos intelectuais de um Paulo Tunhas ou de um João Marques de Almeida,  mas ainda assim não deixaram de fazer um diagnóstico da crise da zona euro que vai um pouco além dos “gregos que fogem ao fisco” e dos “portugueses lamechas agarrados aos seus direitos adquiridos”. Ontem, na Quadratura do Círculo, Pacheco Pereira assinalava as várias oscilações do discurso hostil ao governo grego: começaram por ser uns ingénuos bem intencionados, depois já estavam a ceder a toda a linha no seu programa e desde o final de março que se fala sobretudo da sua “intransigência” e “irresponsabilidade”, quando não do seu “radicalismo”. Outra oscilação significativa é que onde se falou, durante três anos e contra todas as evidências, em “auxílio” ou “ajuda financeira” aos países sob intervenção da Troika, se passou a falar, com a maior das naturalidades e sem qualquer constrangimento, em “credores” e “obrigações”. Enquanto assistimos, impotentes (?), ao desenrolar do que podem vir a ser os mais importantes acontecimentos históricos desde o fim da Guerra Fria, importa manter um mínimo de serenidade  e não deixar de procurar algum jornalismo rigoroso e análises sérias, lá onde elas ainda são publicadas, como é o caso do jornal britânico The Guardian, cujos editores tomaram uma posição sobre a crise na zona euro e as negociações com a Grécia que tem a vantagem de ser minimamente ponderada, ainda que as suas conclusões surjam no espaço público português como um asteróide vindo de Saturno (um pouco como as análises do FMI, aliás). Ei-la: A visão do The Guardian relativamente à crise da zona euro: uma saída da Grécia seria trágica para a Europa A Grécia poderá entrar brevemente num longo e escuro túnel com apenas uma pálida réstia de luz no seu fundo. Se não pagar ao FMI até ao fim do mês, poderá ver o financiamento dos seus bancos cortados, vendo-se o governo de Atenas obrigado a imprimir uma nova moeda. Fora do Euro, a Grécia poderá ver-se incapacitada de pagar a importação de produtos básicos, como combustível e medicamentos. Mas após algum tempo, a inflação começará a abater as dívidas e um dracma desvalorizado deverá atrair mais turistas: aí reside essa réstia de luz. A dificuldade, contudo, é que para atingir esse patamar de competitividade a Grécia teria que administrar bem a sua economia e aumentar a eficiência da sua indústria. Se não for capaz de o fazer, e a sua situação actual dificilmente inspirará confiança a esse nível, então o alívio da desvalorização dará rapidamente lugar ao pânico relativamente à inflação. Pelo menos a Grécia percebe que se está a aproximar um momento decisivo. Os restantes europeus – que não passaram por um colapso económico comparável ou pelo resultante crescimento da taxa de suicídio – podem não compreender que estão à beira de um precipício. Há quem diga que, ao contrário do que acontecia em 2011, uma saída da Grécia poderia hoje ser gerida com sucesso. Há até sinais de que um ou dois dos países periféricos anteriormente designados como PIIGS começam a levantar voo. Os actuais credores da Grécia são essencialmente instituições públicas e, por isso – prosseguem as vozes complacentes – já não existem os mesmos riscos de contágio aos mercados privados. Estas sublinham também que o esquema de compra de dívida da Zona Euro, formalmente aprovado pelo Tribunal Europeu no Luxemburgo esta semana, está a postos para conter qualquer tipo de pânico que possa surgir. Mas que não se faça confusão, se isso acontecer haverá pânico – acabámos de o ver na volatilidade dos preços da dívida espanhola esta semana – e não seria inteiramente irracional. Um cancelamento da dívida grega assumiria custos directos para outras tesourarias, tornando a próxima crise um pouco mais difícil de sustentar, mas o verdadeiro dano residiria nas conclusões que todo o mundo poderia retirar caso cinco anos de negociações e centenas de biliões de uma moeda tivessem sido gastos sem qualquer resultado. Aqueles que sempre avisaram que uma política monetária partilhada nunca poderia ser reconciliada com uma autoridade fiscal fragmentada veriam os seus argumentos confirmados. Os alicerces frágeis do edifício do Euro ver-se-iam expostos. Talvez não hoje, talvez não amanhã, mas muito em breve outra crise ou tropeção abalaria outro membro do Euro e os mercados interrogar-se-iam se também ele poderia ser posto fora. A partir do momento em que acontecer uma vez, será incomparavelmente mais caro convencer os investidores de que não pode acontecer novamente. As dinâmicas de desintegração poderiam também desencadear a pestilência política a curto prazo. A Grécia responsabilizaria a Europa, e a Europa faria outro tanto relativamente à Grécia, por um desenlace que ambas tentaram evitar. Não existe qualquer mecanismo jurídico para um Estado da UE abandonar o Euro, razão pela qual uma perspectiva alarmista seria levada a considerar que a sua integração na UE também poderia estar em jogo. Ambos os lados estão já a adoptar uma retórica crispada, tornando o acordo necessário ainda mais difícil de atingir. A granada grega tem sido sucessivamente passada de mão em mão na esperança de que as condições necessárias para a desarmar viessem a chegar mais tarde. Tem-se verificado exactamente o contrário. O momento indicado para uma solução duradoura é este. Para ládas palavras zangadas parece existir um mínimo de movimento. Os credores exigem agora um excedente orçamental ligeiramente mais magro, mas ainda há um longo caminho a percorrer. A austeridade que já impuseram conduziu a Grécia ao limiar da auto-destruição. As estimativas do Financial Times sugerem que, se a Grécia engolir a próxima colher de sopa do remédio do FMI, poderá enfraquecer as suas possibilidades de crescimento ao ponto de o ratio da sua dívida aumentar de 180% para 200% do PIB. Evidentemente que existem coisas que a Grécia deveria fazer – cobrar impostos às suas elites mimadas e dissolver cartéis esclerosados. Tem que ceder nesse campo. Mas enfrentar alvos poderosos não é fácil para um Estado que está à beira da ruína. De forma a consegui-lo, tem que convencer a sociedade grega de que continuará a pagar salários e que a sua autoridade será respeitada. Essa é a pré-condição para as reformas necessárias. A bola está por isso do lado dos credores. E estes devem começar por aceitar explicitamente uma realidade desagradável, que já toda a gente entendeu mas parece incapaz de dizer em voz alta. Nomeadamente, que o conjunto das dívidas da Grécia não podem nem nunca poderão ser pagas. https://observatoriogrecia.wordpress.com/2015/06/19/the-guardian-uma-saida-da-grecia-seria-tragica-para-a-europa/ […]

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  3. Cara amiga Ana Silva, convido-a a partilhar a sua análise, para que possamos ter um debate mais interessante sobre a situação na Grécia e não tanto sobre mim. Mas faço-lhe ver que nem sequer concordo com tudo o que está no editorial do The Guardian, limito-me a ver ali aquele mínimo de ponderação que parece tão raro na imprensa portuguesa.

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